Judeus Portugueses na Inglaterra


Judeus Conversos e a liberdade de culto na Inglaterra
Em fins do século XVII, um número considerável de comerciantes Conversos Portugueses e Espanhóis se instalou em Londres. 

Londres
Logo foram tidos como benéficos pela Monarquia Inglesa, pois permitiriam a entrada da Inglaterra no comercio de especiarias e pedras preciosas junto às principais potencia da época Holanda, Espanha, Portugal e Novo Mundo.

A liberdade de culto não lhes foi permitido a principio, permanecendo na condição de criptojudeus, fazendo Esnoga em Segredo, e publicamente se declarando católicos.

Em 1651, Oliver Cromwell, estadista Inglês, em sua política de pôr a Inglaterra no comercio mundial, concedeu benefícios aos mercadores Judeus Conversos Portugueses e Espanhóis que se transferissem a Inglaterra.

Oliver Cromwell
No ano de 1655, o erudito Hakham Menasseh ben Israel, esteve em Londres, a convite de Cromwell, onde fez discurso em favor dos judeus Conversos residentes, enfatizando a necessidade de sua liberdade religiosa.

Porém só foi em 1656, quando a Inglaterra declara guerra ao Império Espanhol, que os Judeus Conversos, puderam praticar livremente o Judaísmo no país.

Os atritos entre Ingleses e Espanhol, levou  autoridades do primeiro a desconfiarem de quaisquer “papista”
Lauderdale Road
ibéricos que residissem em solo Inglês, fossem eles de origem Portuguesa ou Espanhola.

Isso alíviou a repressão aos judeus conversos, tidos estimadamente como benéficos a Coroa Inglesa, assim, dando-lhes todas as garantias de proteção ao assumirem socialmente sua condição de judeus.


A Grande Esnoga de Londres foi inaugurada em 1701, e se chamou Bevis Marks.

Outras foram surgindo no passar do século, como as Esnogas de Lauderdale Road e Wembley, ambas integrantes da grande Qehilá H&P Sahar Asamaim.
 
Misraim


Nos fins do século XIX, até a primeira metade do século XX,  a presença de judeus Sírios, Egipcios, Gregos, Turcos e, recescentimente, iraquianos, têm levando a Rito Português, a ser substituído nas Esnogas.

Judeus Portugueses e a Norte da Europa - Dinamarca



Reino da Dinamarca
 Desde 1640, que a cidade de Altona, se encontrava  sobre administração da monarquia dinamarquesa, que acolheu bem aos Judeus Portugueses.

    Neveh Chalom - demolida em 1940
  • No Ducado de Holstein - Em 1703, treze famílias judias portuguesas migram para Altona, no Norte da Alemanha. 

Em Atlona cuidaram de organizar uma qehilah, a Beth ha- Ya'akob Katan, que mais tarde seria chamada de Neveh Chalom

Em 1622, o Rei Christian IV, convidava aos judeus Conversos Portugueses de Amsterdam  estabelecerem-se em grandes centros comerciais como Glückstadt, cidade alemã sobre controle dinamarquês. 

O interesse era inserir a Dinamarca no comercio de especiarias e diamantes, controladas pelos mercadores judeus Portugueses.
Altona
A presença de judeus asquenazitas, já se fazia desde 1600, porém, diferentimento dos Judeus Portugueses, eram obrigados a visto e pagamento de impostos para viverem sob a coroa dinamarquesa.
Colônia dinarmaquesa na America
A comunidade Judaica portuguesa, teve entre seus grandes nomes em solo dinamarquês, Benjamin Mussafia, erudito e talmudista, médico pessoal da familia real e seu genro, Gabriel Milão, que em 1684, tornou-se Governador das Índias Ocidentais Dinamarquesas.
  
Os judeus Portugueses estavam concentrados nos ducados de Holstein e  Schleswig, onde mantinham suas Esnogas.

No decorrer do século XVIII e XIX, a influência Portuguesa diminuiu no Reino da Dinamarca, o que levou as poucas familias judaicas portuguesas a migrando para Amsterdam, Londres, Hamburgo e Américas.

Nação Judaico Portuguesa e o Norte da Europa

Norte da Europa
Os Judeus Conversos Portugueses em sua diáspora, sempre estiveram à procura de lugares onde a intolerância, a sua condição de judeus, fosse menor ou “inexistente”.

Foi dessa forma que, desde cedo, o Norte da Europa entrou na rota dos Judeus portugueses.
Em 1590, já haviam Portugueses da Nação Judaica, em cidade que integraram a antiga liga Hanseática.

Liga Hanseática

Em 1603,  queixas por parte dos Bürgenschaft (vereadores) de Hamburgo, reclamavam do  afluxo crescente dos Conversos Portugueses, e exigindo posição dura e imediata do senado.

Como já acontecia em outras nações européias, onde fé reformista dominava a esfera política e social, ficou decidido que os Judeus Portugueses seriam tolerados, sob o pagamento de impostos. Continuariam in statu quo aos estrangeiros residentes na cidade.

Embora não lhes fossem permitido praticar o culto judaico em público.

O Senado argumentou aos vereadores, que os Sefarditas eram apenas um grupo, entre tantos outros, de comerciantes estrangeiros, benéficos a economia da cidade,  destacando a nacionalidade portuguesa deles. 

No Norte da Europa o termo Português já era comum na designação dos Judeus serfarditas conversos, fossem eles de origem Espanhola ou Portuguesa. 

  • Culto Judaico - Registros datados de 1627, atestam que Eliah Aboab Cardoso, fez Esnoga em sua casa, alcunhando-a de Talmude Torah, cuja era freqüentada pelos Portugueses da Nação hebréia de Hamburgo.
Hamburgo
Mas somente nos idos de 1652, foi inaugurada a grande Esnoga Portuguesa de Hamburgo, A Beth Israel, que teve como seu Hakham-mor (Rabino-chefe) o erudito Dawid Cohen de Lara.

Nos fins 1697, a liberdade religiosa, obtida por judeus portugueses, foi posta a prova pelos editais dos vereadores de Hamburgo. 


Esgotados pelo clima insegurança, muitas das ricas famílias judaico-portuguesa de Hamburgo, começaram a deixar a cidade. 

No ano de 1900, não haviam mais que 400 pessoas da Nação Portuguesa, entre os Judeus residentes em Hamburgo.

Judeus Conversos na Bélgica


A liberdade vivida pelos judeus-Portugueses nos Países Baixos, onde puderam legalmente regressar ao judaísmo, não foi à mesma dos judeus conversos portugueses na Bélgica.


Porto de Antuérpia - Van Gogh
No inicio do século XVI, a Bélgica começa a receber levas de judeus-portugueses, camuflados como católicos, sobre o estatuto social de "Cristão-novos". Eram os fugitivos do fanatismo religioso que imperava no Reino de Portugal.

A cidade de Antuérpia, com sua economia dinâmica, se tornou por excelência lar dos judeus conversos. 
 Em 1575 já eram contabilizadas 102 famílias, que tiveram papel importante na implantação do comercio de diamantes e açúcar na Região.

Antuérpia

Entre os anos de 1650 a 1694, Esnogas secretas eram abertas em Antuérpia.
No decorrer dos idos de 1580, com a consolidação do poder Espanhol na Região, o Imperador Carlos V, tenta de varias formas impedir a presença dos Judeus Conversos na Bélgica, sem grande sucesso. 

 As autoridades de Antuérpia, faziam vista grossa, sabendo da importância essencial dos conversos no desenvolvimento financeiro da Região.

Antuérpia - Van
Porém, o constante clima de insegurança levou-os Judeus a migrarem para cidades como Amsterdam, Hamburgo e Altona, onde puderam voltar livremente ao judaísmo.

Em 1713, os Países Baixos Espanhóis, como ficou conhecido a Bélgica durante o domínio Espanhol, passa a soberania dos Habsburgos austríacos. Sendo assim permitido aos Judeus, mediante a cobrança de altos impostos, viverem na região.

Nos séculos seguintes, tanto sobre o poder Frances como sobre o Holandês, a comunidade Judia na Bélgica teve asseguradas melhores condições de liberdade.
Sinagoga de Hovenierstraat


No inicio do Século XX, , ainda se podia ouvir  preces na velha Sinagoga de Hovenierstraat, levantada em 1898, no minhag português de Amsterdam . Era conhecida carinhosamente pelo nome de Synagogue portugaise.

Em nossos dias, devido à grande presença dos Judeus Norte – Africanos, o minhag Português ficou no passado. 

Judeus Portugueses - Paises Baixos




A presença Judaica nos países Baixos, teve inicio com a conquistada pelo Império Romano, durante o século I AEC.

Embora a presença maciça de Judeus na região só tenha se iniciado com a ocupação Espanhola no século XVI, quando o Rei Carlos I da Espanha, tornou-se Conde de Flandres, Príncipe dos Países Baixos, Conde da Holanda, Conde da Zelândia, Conde de Ostrevant, Conde de Flandres, Duque do Brabante, Duque de Limburgo, Duque de Luxemburgo, Conde de Hainaut, Conde de Louvain, Conde de Namur, Rei dos Países Baixos,e consecutivamente Imperador do Sacro Império Romano, com o titulo de Carlos V.

Não tardou e a presença dos mercadores Judeus de Origem Conversa se fez cada vez maior na Região.
Guerra dos 80 Anos
Porém hostilidade a Espanha, não tardou a ocorrer nos Países Baixos.
  
A Reforma Protestante já havia atingido as camadas nobres da sociedade, algo inconcebível aos olhos ortodoxos do Império Espanhol.

Em 1581, as Sete Províncias dos Países Baixos, após grandes esforços, se fez completamente livre do domínio Espanhol, constituindo República.


Com Isso, os Laços diplomáticos com o Império Espanhol foram rompidos, porém, não com Reino de Portugal, seu parceiro comercial de longa data.

Sete Provincias Unidas dos Paises Baixos
Após a independência, foi necessário instalar um clima de tolerância na nova República, e assim tornar possível a convivência das várias facções protestantes, fazendo da Republica dos Países Baixos um marco da tolerância religiosa.

A presença dos Judeus era mais bem vista pelas autoridades do que a dos católicos, conhecidos como Papistas, e tidos como inimigos das Sete Províncias Unidas.

Assim os Judeus Conversos Portugueses, encontraram refúgio, e foram admoestados pelas autoridades a retornarem abertamente a sua fé, pois não seriam perseguidos.
Isso fez de Amsterdam, a "Terra Prometida" para os Judeus conversos.


Houve inicialmente três comunidades sefarditas em Amsterdam:

  • A Primeira foi a Beth Jacób, fundada entre 1602 à 1610;
  • A Segunda foi a Neveh Chalom, fundada entre 1608 a 1612, por Conversos de origem Espanhola;
  • A Terceira foi a Beth Israel, fundada em 1618.

Estas três comunidades começaram a cooperar mais estreitamente em 1622.

Esnoga de Amterdam
Eventualmente, em 1639, elas se fundiram para formar A Talmude Torah, ou seja, a Comunidade Judaico-Portuguesa de Amsterdam, conhecida como A Esnoga de Amterdão, inaugurada em 1675, e que até os nossos dias pode ser contemplada.
Biblioteca Ets Haim

No início, os Judeus Conversos tinham pouco conhecimento do Judaísmo, e tiveram que recrutar Hazanim e Hakhamin da Itália, e ocasionalmente do Marrocos e Salônica, para ensinar-lhes a Lei Judaica.
Não tardou, e logo Amsterdam se tornou um grande centro de ensino religioso, com Escolas e uma biblioteca, que até hoje podem ser visitadas.
Invasão Nazista na Holanda 194


Em maio de 1940, a Holanda foi ocupada pelos nazistas, e a vida judaica ceifada.

Nada menos que 75% dos 140.000 judeus da Holanda foram enviados aos Campos de Extermínio, destes 140.000, 4.300 era de origem H&P.

Misteriosamente a Esnoga de Amsterdam ficou intacta ao plano Nazista de destruição da memória judaica nos Países Baixos.



Sendo em nossos dias, à única do Rito Português nos Países Baixos, contando com presença de 600 sócios contribuintes, que lutam para manter viva a memória e as tradições dos judeus H&P na Holanda.

Déguisés Juifs : Os Judeus Conversos na França

Em Vermelho: Onde concentrou-se os Judeus H&P

Entre os fins do século XVI e inicio do XVII, os judeus conversos, em sua fuga da intolerância Ibérica, encontraram refúgio, além dos Pirineus, fixando-se na França.

Os grandes centros dos Judeus Portugueses na França foram: Saint-Jean-de-Luz, Tarbes, Bayonne, Bordeaux, Marselha e Montpellier.

 


Bayonne
Diferentemente dos Países Baixos, e de algumas Repúblicas na Itália, onde os conversos  não exitaram em assumir sua condição de Judeus perante a sociedade,  na França católica, com receio de represárias, inicialmente preferiram manter-se criptojudeus, salvaguardando-se das perseguições outrora sofridas em Portugal.

Assim, como em Portugal, na França viveram uma vida dupla, casando-se na Igreja e batizando seus filhos como católicos, porém em segredo, circuncidava-os, reuniam-se para Sabá (Chabáth), e demais  Festas, praticando o tanto quanto podiam.



Os privilégios aos Criptojudeus portugueses na França, foram concedidos pelo Rei Henrique II em Carta-Patente no ano de 1550, e confirmado em 12 de Novembro de 1580, pelo Rei Henrique III da França.

Somente dessa forma, foram-lhes garantidas a segurança necessária,  à tanto almejada, na contrução de suas vidas nesse novo país.

Esnoga de Bayonne


 Por ordens do Rei Luiz III de França, os Conversos de Bayonne, foram mandados para os subúrbios de St. Espirit, onde mais tarde voltaram abertamente ao judaísmo. O mesmo ocorreu entre os conversos residêntes em Peyrehorade, Bidache, Orthez, Biarritz e St. Jean de Luz.

Em 1640, centenas de Conversos já viviam abertamente o Judaismo e  abriam suas Esnogas como em  St. Jean de Luz.


Interior da Esnoga de Bayonne
Na França pré-revolucionária, os judeus portugueses estavam entre as três comunidades judaicas toleradas, ao lado de uma  asquenazi na Alsácia-Lorena, e a dos judeus do antigo enclave Papal do Condado Venassino, que inicialmente teve o rito provençal, mas devido a incorporação do Condado pela França, adotaram o rito H&P.



Em nossos dias ainda existem Comunidades do Rito H&P,  em cidade como Bordeaux, Bayonne e Paris.

Embora, pouco a pouco, venha sendo adaptada as necessidades dos judeus originários do Norte da África, hoje maioria na França.